METENDO O BEDELHO ONDE NÃO FUI CHAMADO.
“A teoria na prática é outra” falou alguém considerado hoje um requintado pensador que deve ter padecido horrores de seus contrários enquanto esteve entre os vivos. Penso sempre na máxima quando me preparo para colocar questões que possam parecer cascudos e beliscões nas pessoas focadas; o que não é o caso desta crônica - mesmo por que existem críticos e críticos. Quem conhece minha história sabe que sem ser nenhum Hobin Hood sempre flecho o erro quando ele é gritante ou, se no meu entender está acontecendo algum desvio de rumo em alguma ação desço o cacete sem dó nem piedade; mas aplaudo sem pudor as ações corretas e distintas, parta de quem partir; gregos ou troianos. E uso sempre para tanto o único meio que disponho: a palavra escrita. Sou uma pessoa de raros amigos. Gosto das pessoas principalmente pelo seu caráter: títulos acadêmicos, conhecimentos sofisticados, conta bancária e merda para mim têm o mesmo peso e a mesma medida – tanto que no meu caderninho de endereços e telefones tem muito escritor, um generoso punhado de artistas plásticos, músicos e cantores, farta relação de professores e jornalistas (gente sofrida e malamada), garis, domésticas, pedreiros, raros, raríssimos políticos; não que todos os políticos da história universal estejam no meu índex de reprovação e desprezo. Citá-los nominalmente seria crueldade para os excluído, justa ou injustamente a imprensa está aí os nominando diariamente, e de vez em quando a justiça está torcendo a orelha de algum ou pondo de castigo os mais tinhosos - que a justiça brasileira começou a criar vergonha; a passos de cágado, mas vai soletrando sua carta de a-b-c. Claro que entre os que reverencio e admiro está essa criatura singular e personalíssima que é José Sarney; não pelo fato de ser nosso ícone histórico, um dos raros brasileiros que construindo sua história construiu a história do país, mas pelo modo como nos relacionamos desde aqueles saudáveis encontros nos anos 50 do século passado na “Movelaria Guanabara”, das coisas que discutíamos no Centro Cultural Gonçalves Dias e nos históricos debates públicos ora no Centro Acadêmico da Faculdade de Direito, ora na Praça da Liberdade durante a grande mobilização pública dos anos 50 quando encaramos a capangada do “coronel” Eugênio Barros, cada um de nós fardado de “soldado da liberdade”, ungido e abençoado pelas bênçãos arquiepiscopal de Dom Felipe Condurú Pacheco. (Nem tanto por ser o proprietário da empresa que garante meu dicumê diário, que fique bem claro aos desentendidos funcionais que antes de defender princípios morais e culturais sou um profissional da imprensa estando nesta empresa desde seu nascimento na Rua dos Afogados com Raimundo Bacelar - Jornal do Dia -, passando pela administração Alberto Aboud na Rua de Santana, ganhando maioridade neste outro lado da cidade,aqui na Ponta d’Areia, com o nome de “Estado do Maranhão” - com quase meio século de casa gosto de me considerar entre móveis e utensílios, patrimônio da empresa). Mas nutro xodó por outro político que nem sabe de tal, como todos os demais, que é o cidadão Castelo: amuado, birrento, cheio de cacoetes e calundus, que me cativou desde seus primórdios públicos por algumas posturas que não vem ao caso lembrá-las só adianto aos maledicentes que não é por nenhum favor pessoal, que graças aos deuses, católicos, tupinambás e os da umbanda, cheguei a esta provecta idade sem muletas ou qualquer tipo de cunha gratuita ou falaciosa. Dos perfis políticos que estou deixando para a AML publicar após minha morte material (e ai do senhor acadêmico que estiver no mandato da presidência do sodalício na época, não o fizer!) o de Castelo está saindo uma tetéia; com passagens de excelentes estadistas e momentos de literatura de cordel. No capítulo atual Castelo tem um gesto de alta lucidez quando leva para sua equipe, na área da Cultura, essa criatura de nomeada e solida experiência que é o Professor Euclides Moreira Neto. (Euclides vem de uma vasta experiência e sólida aprendizagem à frente do Departamento de Assuntos Culturais da Universidade Federal do Maranhão quando transformou o casarão “Nazeu Quadros” ponto de referencia cultural da cidade de São Luís. Era um gosto de se ver aquele endereço fervilhando de artistas de todas as áreas da inquietação humana, muitos dos quais exibindo hoje talento pela rosa dos ventos de nosso planeta). Mas nosso lúcido e inquieto Prefeito, como todo administrador público tem suas prioridades: quer como político, quer como administrador. E fazer o dever de casa como prefeito deve ser um processo exaustivo e desgastante mesmo que sempre apareçam terceiros bem intencionados em ajudar, como recentemente vem fazendo a Polícia Militar que está levando suas belas montarias para pastarem o capim que vai se excedendo na Praça Gonçalves Dias. Bueiros estuprados, calçamento de ruas em colapso, o lixo lavrando pelas ruas, transportes coletivos em pandarecos, educação em crise: imagino o rol de cobranças a pousarem diariamente sobre a carteira de um administrador da cidade. Tiro pela nossa casa, com apenas cinco pelados altamente disciplinados, que deixa a madame nocauteada todas as noites! Mas acima de toda e qualquer dessas trivialidades rotineiras uma comunidade saudável como a nossa tem seus requintes culturais; além de comer, parir e defecar. Necessidades restritas a área regida por essa figura inconfundível que é Euclides Moreira Neto que produz resultados normalmente vistos de esguelha por administradores pouco antenados. Mas será que se arte fosse tão inútil, tão desnecessária e tão sem importância os gregos a teriam colocado no pedestal que a colocou? Se uma pintura ou uma escultura fosse produto tão chué será que os príncipes medievais teriam acolhido pintores e escultores em seus palácios e investido no trabalho de uma leva imensa desses artistas? Por que artistas de todos os gêneros, incluindo escritores, produzem urticária nos regimes ditatoriais? O maranhense tem um chamego natural pela coisa artística. Não é todo lugar neste país que o povo para para escutar um concerto sinfônico ou entulha as galerias de arte quando há uma exposição: em São Luís, quantas vezes a Orquestra Sinfônica Brasileira venha se exibir na Praça Maria Aragão, o logradouro fica lotado. A FUNC está me devendo uma boa grana, de trabalho em júri de seleção de obras literárias, mas isso é o de menos: o Concurso Literário Cidade de São Luís é importante e no de 2010 pelo menos três obras merecem publicação. E o Salão de Arte instalado naqueles galpões na Avenida Litorânea, em frente ao terminal rodoviário da Praia Grande foi sacada de gênio que de repente pode transformar o local em ponto de referencia cultural da cidade basta para tanto de uma simples canetada do grande guru. Que por sinal tem ali, se tiver manha bastante e isso ele tem de sobra, um instrumento político e cultural que poderá imortalizar o administrador da coisa pública em bronze no meio da praça e que se chama Casa do Bloco. A Casa do Bloco é nada mais nada menos do que uma extensão da FUNC inventada para preservar uma das manifestações mais singulares da cultura maranhense, que o bloco carnavalesco. A Casa do Bloco hoje tem hoje, entre suas coisinhas, um blog já conhecido até do outro lado do planeta, visitado, discutido, comentado por milhares de internautas (sem custar nenhum real para o Município) o que está dando visibilidade internacional à Prefeitura de São Luís. E que tal não apenas promover mais um salão de artes ali, mas ocupar definitivamente o espaço com a FUNC inteira? São austeros e simpáticos os casarões da Isaac Martins & Ribeirão, mas inadequados: inclusive o valor cobrado pelo proprietário pelos aluguéis dos mesmos uma exorbitância para o contribuinte. Que grande notícia seria tanto para os carnavalescos que passariam a ter um endereço mais adequado, como para os produtores culturais que passariam a gravitar em torno de uma Fundação com maior personalidade?. E seus funcionários que passariam a respirar um ar menos opressivo.
PS - DEPOIS DO PONTO FINAL FIQUEI SABENDO DO CORTE DE 25% NO JÁ POUQUINHO ORÇAMENTO DA FUNC. AÍ JÁ É SACANAGEM. É UMA DEMONSTRAÇÃO DE QUE REALMENTE CULTURA E MERDA, PARA O ADMINISTRADOR PÚBLICO É A MESMA COISA. OU QUERER CONFERIR AO SEU PRESIDENTE DO SEU ÓRGÃO OS PODERES DIVINOS DE MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES. OU, O QUE É O MAIS CERTO, MANDANDO QUE O GORDO TIRE O TIME.
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